2008/01/24

 

Penalva do Castelo e a CITROEN

Nos últimos dias, e, na continuação da questão levantada no ano passado pela Administração da CITROEN, muito se tem falado sobre a hipótese (ou não) da saída desta unidade industrial, de Mangualde e mesmo do país, com a sua deslocalização para Marrocos. A polémica que foi levantada pela própria Administração (a mesma que agora vem dizer que não sabe de nada), colocou em causa a actuação da Câmara Municipal de Mangualde e do seu Presidente. De um modo confuso, e, sem sabermos de que lado estava a razão, a coisa esmoreceu e rebentou de novo, este ano, por instigação do Ministro Manuel Pinho.
A acontecer uma catástrofe destas, o desemprego vai arrastar também os concelhos de Penalva, Nelas, Viseu e Fornos de Algodres. No caso de Penalva, a situação seria gravíssima dado o número de funcionários e seus familiares dependentes do trabalho na fábrica de automóveis.
Penso, por isso, que não compete, em exclusivo, ao Presidente da Câmara de Mangualde, Dr. Soares Marques, a resolução deste problema. O ditado popular brasileiro, “pimenta no cu dos outros, é refresco”, não se aplica aqui.
Em 7 de Abril de 2004, no jornal regional PRIMENEGÓCIOS, tive a oportunidade de emitir uma opinião sobre a criação das Zonas Industriais e do modo como deveriam ser repensadas para que o âmbito da sua influência e eficácia fosse muito mais amplo. (www.primenegocios.com/pdf/ED_01_high.pdf) pag.8.
Dizia então que ”Hoje, as legítimas aspirações das populações têm solução com a prática de uma gestão racional e integrada, deixando de fora compromissos políticos, bairrismos e a mediatização que os responsáveis sempre pretendem. Cada vez mais os responsáveis autárquicos têm de colocar à disposição dos seus munícipes soluções práticas, rápidas, eficientes e desburocratizadas, sobretudo se, inerentes à resposta a dar ao cidadão, estiverem fortes implicações económicas e financeiras. Uma zona industrial não nasce, cresce e floresce se desintegrada do ordenamento do território, se contiver meia dúzia de empresas cuja actividade seja concorrente no mesmo mercado de trabalho ou de produto, ou se, pelo contrário, for ocupada apenas por uma grande multinacional, cujo declínio transforma o município numa fila de desempregados á espera do subsídio”. A CITROEN coloca Mangualde nesta última situação, não porque não existam outras empresas com interesse, mas porque a sua dimensão menoriza, no emprego que gera, todas as outras.
Está, nesta infeliz possibilidade, criada uma situação que, no meu ponto de vista, poderá dar a volta ao hábito (mau) criado em todo o país, que é a mania de criar zonas industriais em tudo quanto é sítio, não o fazendo nem respeitando uma óptica regional e de poupança de recursos, que, no caso das autarquias, são sempre escassos.
No artigo que então escrevi, em 2004, dizia, então que para resolver problemas desta ordem era necessário juntar “sinergias e interesses vários, que é, como quem diz, congregar o interesse de várias autarquias para o mesmo fim. Desta forma os benefícios serão sempre múltiplos: várias cabeças a pensar unidas por um interesse comum, melhoria da qualidade de serviços a prestar, redução do custo dos investimentos, aumento da capacidade de resposta, captação de projectos de investimentos mais fácil e de maior valor acrescentado, promoção mais eficaz, melhor ordenamento do território, níveis de desenvolvimento local mais equilibrado, etc.”
As Câmaras de Mangualde, Penalva, Nelas, Fornos de Algodres e Viseu, têm de senta-se à mesma mesa e resolver um problema que é comum. O concelho de Mangualde merece esta entreajuda e este dar de mãos para resolver um problema que vai para além do seu território. Quanto mais não fosse, este apoio é o justo pagamento pela criação de postos de trabalho que permitiram que trabalhadores doutros concelhos tivessem e tenham ainda, um emprego.
Penalva do Castelo está em dívida para com o concelho de Mangualde e deve estar na primeira linha para ajudar a que a CITROEN nunca abandone a região. O Presidentes da Câmara dos concelhos beneficiados com os postos de trabalho que a CITROEN sustenta, têm um problema comum para resolver e têm a obrigação de o fazer sob pena da fuga para outras paragens ficar colada à sua gestão e não exclusivamente à CITROEN, que, como multinacional que é, segue as regras do mercado: produzir mais, melhor e a baixo custo. Numa multinacional a consciência apenas tem uma cor: a do dinheiro.
Poderemos criticar a política de aquisição dos terrenos para a expansão da fábrica por parte da CITROEN. Ao longo dos anos, e, fruto das necessidades de modernização, foi adequirindo terrenos urbanos a preços altos e não teve a visão de se deslocalizar dentro do concelho para um local com possibilidades de crescimento. Mas isso já lá vai e o problema que subsiste deve ser parado já apresentado urgentemente alternativas que suspendam aquilo que todos sabemos que está pendente sobre os trabalhadores: uma iminente deslocalização para outro país, apesar da actual administração afirmar que nada está previsto. Se há fumo, há fogo.
Os projectos, os terrenos, as infra-estruturas, as acessibilidades e os apoios burocráticos para implantação da futura fábrica da CITROEN têm que ser objecto de uma decisão que salvaguarde o interesse de todos: da própria fábrica, dos trabalhadores, da região e do país.
Deixar que o Presidente da Câmara de Mangualde e o Concelho de Mangualde sejam os únicos a suportar a pressão que uma ameaça destas envolve é injusto e imoral.

Comments:
Caríssimo Gabriel Costa nunca estive tão em acordo consigo como estou em relação a este post que publicou. Apresenta visão estrategica e de decisão e, não trata este caso tão sensivel, levianamente com eu tenho visto e lido por diversos intervenientes (incluindo o Sr Ministro). Pode ser que o seu "amigo" Sr Presidente da CMPC tome alguma posição ou "aprenda" algo...pois...
 
Amigo Gabriel Costa:

Partilho a mesma opinião, poderei eventualmente ter outra interpretação ao nível de colaboração de concelhos e ou regiões limítrofes. Colaboração, sim; definição de estratégias e objectivos, sim; numa mesa equilibrada, sim também. E, morreu a boa ideia, como o diz no artigo. Mas a lei da sinergia, diz que é possível ganharem todas as partes unindo esforços. Por outro lado, sabe que a minha visão é de competição, mas, competir absurdamente tem os seus custos.
Sobre a situação da Citroen, só se manifesta quem se sente, e, fico contente por saber que alguém que esteve à frente dos desígnios dos penalvenses por alguns mandatos e actualmente com posição na autarquia, se pronuncie sobre o assunto. É de todo ridículo apontar armas a uma figura, mas também não podemos escamotear que “cabeça “não é o autarca. Mas, felizmente não está só com o autarca, é o ministério da economia, é o governo. É de interesse nacional e acabou, daí a atenção destes.
Contudo e como sabemos se algo de mal acontecer sabemos quem é o principal culpado, mas a derrota cai a todos (num contexto nacional, ao governo). E tendo consciência, quem se sente não pode estar indiferente ou ocultar-se dos problemas da terra dos outros, pois, e desculpe-me a ousadia, comem todos do mesmo prato. Se acabar, “não há pão para malucos”.
Daí e como o diz, não é caso de se dizer que “pimenta no cu dos outros, é refresco”.

Por outro lado, se a Citroen planeou mal o crescimento estratégico, paciência, há que arranjar solução e rápida. É verdade que é custoso. Mas, como sabemos e bem o sentimos todos os dias, todo mundo paga a factura da governação dos EUA e outros influentes no teatro mundial, e, “literalmente” fazem o que querem, o mal distribui-se pelas aldeias (globais).

Com isto tudo, só se lamenta não funcionar a sinergia dos autarcas do distrito entre outros e outros, pois a luta a todos diz respeito. Agora não devemos esquecer que a guerra começou com divergências absurdas entre o CMM e grupo PSA centro de Mangualde. Depois, bola de neve.

ps - por acaso recordo-me de usar o tracadilho de "fumo" e "fogo", fugindo ao tradicional ditado de maneira a inspirar confiança e estabilidade. Não me recordo onde...

Abraço
 
Razão tina o Vereador Gonçalves Penalva não se safa com industria, pelo menos sosinho, afinal falou certo, a convivção tem-se quando temos meios que a apoiem, que não é o caso, pois penalva não tem meios para desenvolver uma fracção de industria no conselho, as pedreiras são ao contrario da citroen em mangualde um bem intrinsco com que penalva foi brindado,havendo matéria prima, a citrorn foi colocada.
 
Gostava de saber a opinião do Senhor Gabriel, sobre este assunto, afinal não é só na educação..Isto não é uma humilhação para o nosso concelho..

Albufeira e Lisboa têm melhor qualidade de vida de Portugal


elisabete rodrigues Ver Fotos »

Albufeira
Os concelhos de Lisboa e Albufeira são os que têm melhor qualidade de vida no país, de acordo com um índice elaborado pela Universidade da Beira Interior, a que a agência Lusa teve hoje acesso.

Aliás, o Algarve consegue colocar sete dos seus 16 municípios entre os 20 melhores do país e apenas um - o de Alcoutim - nos 20 últimos.

Assim, além de Albufeira, que surge em 2º lugar neste ranking, surgem ainda bem classificados os concelhos de Lagos (6º), Lagoa (8º), Loulé (11º), Portimão (12º), Faro (14º) e ainda Vila Real de Santo António (17º).

O Índice Concelhio de Qualidade de Vida, elaborado pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social daquela universidade, coloca nas últimas posições os concelhos de Vinhais e Sabugal, no Norte e Centro do país.

O índice baseia-se no anuário estatístico de 2004 do Instituto Nacional de Estatística sobre o qual foi aplicada “uma metodologia original e inovadora”, segundo Pires Manso, professor catedrático da UBI e responsável pelo ODES, autor do trabalho juntamente com Nuno Simões, técnico do Observatório.

“O índice tem em conta centenas de variáveis quantitativas, como o Produto Interno Bruto (PIB) ou o consumo, e variáveis qualitativas como a disponibilidade de bens culturais e outros de difícil medição”, explica.

Através de “técnicas estatísticas mais simples e outras mais elaboradas, como as multivariadas, caso da análise factorial”, o índice avalia cada concelho em três factores: educação e mercado de emprego; infra-estruturas; ambiente económico e habitacional.

Lisboa lidera a tabela com um Indicador de Qualidade de Vida (IQV) de 205,07 pontos enquanto Sabugal (Guarda) ocupa a última posição (278ª) com um IQV de 5,29.

“Da análise do ranking, e começando pelo topo, é de realçar a posição dos municípios de área da Grande Lisboa e os do Algarve, que ocupam, no seu conjunto, 14 das primeiras 20 posições da lista ordenada”, destaca Pires Manso.

“Surgem igualmente bem classificados”, no grupo dos 20 primeiros, “os municípios de São João da Madeira (3º) e Porto (4º), ambos na região Norte, os municípios de Aveiro (10º), Coimbra (15º) e Marinha Grande (16º), na região Centro, e Sines (20º), o município melhor representado do Alentejo”, sublinha.

“Olhando para fundo do ranking, a grande conclusão que se tira é que os últimos lugares são maioritariamente ocupados por municípios do Norte e Centro do país: dos últimos 50 lugares, 43 pertencem a municípios destas duas regiões”, acrescenta o investigador.

Para além do ranking, Pires Manso coloca a ênfase do trabalho no facto de mostrar “como é importante a selecção dos indicadores quando se pretende medir a qualidade de vida. Apesar dos resultados, no geral ,não diferirem muito do esperado, permitem detectar casos particulares de sucesso”.

Os primeiros 20 classificados por IQV: Lisboa 205,07; Albufeira 181,04; São João da Madeira 168,57; Porto 161,05; Sintra 158,73; Lagos 158,51; Cascais 148,57; Lagoa 143,95; Vila Franca de Xira 142,82; Aveiro 142,81; Loulé 141,43; Portimão 140,04; Oeiras 135,78; Faro 134,13; Coimbra 133,45; Marinha Grande 131,56; Vila Real de Santo António 130,86; Amadora 130,32; Palmela 128,77; Sines 128,65.

Os últimos 20 classificados por IQV: Murça 32,55; Figueira de Castelo Rodrigo 31,71; Penedono 30,35; Idanha-a-Nova 30,16; Mondim de Basto 28,97; Cinfães 28,42; Vila Flor 27,98; Carrazeda de Ansiães 27,46; Valpaços 26,56; Vila Nova de Foz Côa 25,09; Alcoutim 23,56; Penamacor 21,89; Boticas 19,34; Terras de Bouro 18,33; Aguiar da Beira 14,97; Penalva do Castelo 14,43; Pampilhosa da Serra 13,69; Resende 12,72; Vinhais 5,32; Sabugal 5,29.

29 de Janeiro de 2008 | 14:38
 
Incrível que seca. Já foi falado mais que uma vez esse ponto e mais que rebatido.

Afinal, ninguém esquece facilmente um quinto lugar no pódio dos miseráveis. Recordá-lo outra vez, uma estatística que é de 2004 e muito batida em 2005 (autarquicas). Todos gostam, afinal tamos no top 20, top 10, top 5 e talves agora na medalha de prata.
 
Também concordo.Que o Homem é uma nulidade todos sabemos.Agora Há que evitar novos erros e correr de vez com ele e com a super equipa.
 
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