2007/06/19

 

PATRIMÓNIO- Quem o defende? parteII

Na reunião da Câmara Municipal, realizada no passado dia 11 de Maio, foi levada à apreciação do executivo um pedido de autorização para que o rés-do-chão do local onde funcionou a Casa Viúva Beirão, no cruzamento da Rua 1º de Dezembro com a estrada para a Ínsua, pudesse ser utilizada para comércio. Dado que havia um projecto de reabilitação e recuperação de todo o edifício em apreciação nos Serviços Municipais, fazia todo o sentido tal pedido. Analisado o assunto, decidiu o executivo solicitar mais esclarecimentos sobre o tipo de comércio pretendido, dado que, sendo a localização do estabelecimento junto a um cruzamento com muito trânsito e não havendo lugares de estacionamento por perto, a não ser os da Rua Dr. Francisco Pereira de Figueiredo, poderia ser incómodo e perigoso para o trânsito e peões o tipo de actividade pretendida. Pedidos os esclarecimentos, que foram presentes à reunião de 25, e, tendo o requerente respondido que não sabia ainda qual a utilização a dar-lhe, dado que o espaço era para arrendar a terceiros, decidiu-se aprovar com a condição dos Serviços e o Presidente da Câmara ficarem atentos ao futuro pedido.
Nas conversas havidas para apreciação do assunto, foi o projecto trazido dos Serviços Técnicos e analisado por todos os presentes. Fui informado que, dado ser uma casa em granito e naquele local, as paredes exteriores manter-se-iam e que não seria autorizada qualquer demolição. Alterar-se-iam apenas as paredes que se encontravam ao nível do último piso, dado serem de madeira. Concordei e louvei a decisão, que reflectia sentido de responsabilidade na defesa do nosso património construído. Esta actuação vinha na sequência do que a Câmara faz a muitos anos.
Verifiquei, hoje, com consternação, que todo edifício havia sido demolido. As paredes em pedra, que tanto pretendera defender e que tinham sido objecto de uma decisão colectiva, já lá não estavam.
É uma pena! Alguém tem de ser chamado à responsabilidade!
Se fosse para demolir totalmente aquele edifício, a Câmara tinha a obrigação de alargar o cruzamento no sentido da Rua Dr. Francisco Pereira de Figueiredo.
Tudo foi permitido e nada foi feito para defender o nosso Património, que, lentamente, vai agonizado e desaparece, por falta de interesse, de cultura e de gosto, mas sempre ao sabor do camartelo e da incúria dos responsáveis. Que interesses se estão a defender?Onde estava a fiscalização? Quem repara o mal feito?
Eu sou dos que quero uma terra melhor e não uma terra maior ou com construções mais modernas. O granito é a expressão da nossa região e faz parte da nossa cultura colectiva.
Como atentado ao nosso Património já basta o Centro de Dia que está a ser construído em Castelo de Penalva, junto à Igreja e ao Morro, apesar de eu ter aqui neste blog, chamada à atenção para esse crime. Não tem pareceres de qualquer da entidade oficial com responsabilidade na defesa do Património e tem uma volumetria que é um atentado brutal àquele lugar.
Estamos cada vez mais pobres, mais descaracterizados, mais brutalizados e mais acomodados.
Na próxima reunião de Câmara, vou entregar um requerimento para a abertura de um Inquérito que apure responsabilidades sobre o sucedido. Espero, da parte dos outros membros da Câmara, um voto favorável, uma vez que todos concordaram que as paredes exteriores deveriam manter-se.

Comments:
Agora, depois da demolição total, o que se poderá fazer?
As pedras, para uma eventual reconstrução, já estão longe e grande parte delas estão escavacadas.
Tenho curiosidade sobre as conclusões do inquérito.
 
Caro Vereador

Não acha que esta na hora de denunciar à IGAT todos os casos que aqui vem relatando no blog.

Tenha coragem!
 
Caro Anónimo:

Fá-lo-ei se as conclusões do inquérito apontarem para qualquer ilícito por parte da Autarquia ou dos seus agentes.
 
Deve pedir um inquérito aos últimos dez anos...
 
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